Sertão Sangra\"
[Verso 1
Minha caneta é faca, corta como um facão,
Traço linha no papel, igual estrada no sertão.
Sertão sangra enquanto o povo sua,
Barriga vazia, sonho vira fumaça na rua.
O governo é piada, só fala em progresso,
Mas o moleque aqui não tem livro, só acesso ao regresso.
Educação sucateada, o professor é herói,
Mas como ensinar futuro se o presente destrói?
Enquanto na esquina os preto tão de algema,
Na mesa dos político, eles brindam o sistema.
Favela é resistência, nunca foi caridade,
Mas quem tá no palácio só vende falsidade.
[Refrão
Sertão sangra, favela chora,
Minoria levanta enquanto a mídia ignora.
Deus ajuda quem resiste e não desiste,
Mas até quando o pobre insiste?
[Verso 2
No nordeste nóis planta, colhe lágrima e suor,
Dizem que é força, mas na real é só rancor.
Pipa d’água passa, mas cadê a solução?
Enquanto isso eles bancam mansão na televisão.
O Brasil é gigante, mas o bolso é pequeno,
Pra quem tem pele escura, o futuro é veneno.
Querem matar o povo antes da revolta,
Mas favela é fogo, quando queima, não volta.
E os índios que tão lá? Terra invadida,
Minoria esquecida, memória excluída.
Preto na cela, branco no terno,
A justiça cega já virou inferno.
[Refrão
Sertão sangra, favela chora,
Minoria levanta enquanto a mídia ignora.
Deus ajuda quem resiste e não desiste,
Mas até quando o pobre insiste?
[Verso 3
Desigualdade aqui não é só estatística,
É fome, é bala perdida, é vida em linha finíssima.
Na quebrada a esperança é fina,
Mas nóis faz rap, vira voz pra essa sina.
Olhando o futuro, é só fumaça e aço,
Mas se o povo acordar, vai virar estilhaço.
Pobre não tem nada, mas tem coragem,
E se a rua falar, não tem blindagem.
No Brasil nóis é nóis, mesmo sem escolha,
Favela faz milagre, na dor vira folha.
Plantada no chão, brota no meio da seca,
Mas se não mudar agora, nóis vira poeira.
[Refrão
Sertão sangra, favela chora,
Minoria levanta enquanto a mídia ignora.
Deus ajuda quem resiste e não desiste,
Mas até quando o pobre insiste?